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Otite serosa: o que é, causas, sintomas e tratamento

Tabela de Conteúdos

O que é a otite serosa?

A otite média com efusão (OME), vulgarmente conhecida como Otite Serosa, é definida como um tipo de otite média caracterizada pela presença de líquido no ouvido médio, sem sintomas de infeção aguda.

Embora também possa ocorrer na idade adulta (muito menos frequente), é extremamente comum nas crianças:

  • Cerca de 90% das crianças já tiveram otite serosa antes de entrarem para a escola;
  • Entre  30-40% dos casos, o líquido pode persistir por vários meses;
  • Em 5% a 10% dos casos, os sintomas duram mais de 1 ano;
  • Muitas crianças são assintomáticas, embora outras possam apresentar dificuldade auditiva, problemas de equilíbrio, baixo rendimento escolar ou atraso de linguagem.

Otite serosa é diferente de otite média aguda?

A otite média aguda (OMA) é diferente da otite média com efusão, já que nesta última existe um aparecimento súbito de sintomas e sinais com aparecimento de alterações inflamatórias do ouvido médio.

 A otite serosa não provoca dor intensa nem febre e geralmente passa despercebida. Já a otite média aguda aparece de forma súbita, com dor no ouvido, febre, irritabilidade e, por vezes, outros sintomas como vómitos ou dor de cabeça.

A otite média aguda é uma infeção ativa que precisa de tratamento imediato, enquanto a otite serosa pode desaparecer sozinha com o tempo, sendo, em alguns casos, apenas necessário acompanhamento médico.

Quais a principais causas?

Normalmente, este tipo de otite decorre como uma resposta pós-inflamatória após otite média aguda, infeção vírica ou devido a alteração do funcionamento da trompa de Eustáquio (canal que faz ligação entre a “parte mais posterior” do nariz e o ouvido médio).

Pensa-se que existe um forte componente genético associado à Otite Média, mais frequente em crianças cujos pais também apresentaram este tipo de patologia e em gémeos.

Quais os fatores de risco conhecidos?

É mais frequente no sexo masculino, no 2º ano de vida, durante o período de inverno, já que é a altura de maior número de infeções respiratórias e, portanto, faz com que seja a altura de maior incidência da otite serosa. 

Crianças em infantários sobrelotados, exposição passiva ao fumo de tabaco, ausência de amamentação e/ou baixas condições socioeconómicas são outros fatores predisponentes.

Alterações craniofaciais que provocam disfunção da trompa de Eustáquio, como fenda palatina ou síndrome de Down, aumentam o risco desta patologia.

Imunodeficiência congénita ou adquirida, como hipogamaglobulinemia, déficit de IgA, HIV, imunodeficiências causadas por fármacos (quimioterapia ou corticosteroides) fazem com que o doente seja mais suscetível a este tipo de doença.

Outras situações associadas à otite média com efusão são alergia, obstrução nasal (hipertrofia adenoideia, rinosinusite, tumores nasais ou nasofaríngeos), disfunção ciliar, entubação nasal prolongada ou nasogástrica e possivelmente refluxo gastroesofégico.

Quais os sintomas mais frequentes?

A otite serosa pode ser assintomática, mas quando não é, os sintomas mais comuns incluem:

  • Perda auditiva temporária;
  • Atraso na fala ou dificuldades de linguagem;
  • Desempenho escolar abaixo do esperado;
  • Problemas de equilíbrio;
  • Irritabilidade ou alteração do sono.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é feito pelo médico através de:

  • Observação dos ouvidos com auxílio de microscópio e, por vezes, com recurso à otoscopia pneumática;
  • Audiometria (teste de audição);
  • Timpanograma (avalia a mobilidade do tímpano), principalmente se a otite já se iniciou há mais de 3 meses;
  • Potenciais Evocados Auditivos (em crianças pequenas ou com dificuldades de cooperação)

Assim, é muito importante um diagnóstico precoce, follow-up adequado de forma a evitar complicações e sequelas da otite média com efusão, principalmente nos seguintes casos em crianças que já apresentam fatores de risco e dificuldades de desenvolvimento, como aquelas que já têm surdez permanente, independentemente da otite; doentes com suspeita ou já confirmado o atraso ou alteração da linguagem; diminuição da acuidade visual significativa ou cegueira; doenças com espectro de autismo; síndromes (nomeadamente de Down) ou doenças craniofaciais; e fenda do palato com alterações de desenvolvimento.

Tratamento para otite serosa

Tratamento conservador

Na maioria dos casos de otite serosa, não é necessário recorrer a antibióticos nem a cirurgia. O mais comum é o médico apenas acompanhar a evolução da criança durante um período de 3 a 6 meses, pois o líquido no ouvido costuma desaparecer por si só.

Algumas medidas simples ajudam a prevenir ou a aliviar a condição: dar preferência à amamentação, evitar que a criança seja exposta ao fumo do tabaco, reduzir o uso da chupeta, garantir que as vacinas estejam em dia (como a pneumocócica), e, se possível, evitar creches muito cheias. Também é importante manter uma boa higiene nasal e tratar problemas associados, como rinite alérgica.

Os corticoides nasais, anti-histamínicos ou descongestionantes não costumam ser eficazes no tratamento deste tipo de otite. Apenas em situação de rinite alérgica ou hipertrofia adenoideia associada poderão os anti-histamínicos e corticoides tópicos nasais ajudar no tratamento.


Os corticoides orais têm uma eficácia de curta duração e a utilização de antibióticos demonstrou poucos benefícios para a resolução deste tipo de patologia.

Quando é que a cirurgia pode ser necessária?

Se após 3 meses o líquido ainda estiver presente com sintomas relevantes (como perda auditiva ou atraso na fala), o médico pode indicar uma Miringotomia (pequena incisão no tímpano) com colocação de tubos de ventilação (que ajudam a drenar o líquido e prevenir acumulações futuras).

A cirurgia é rápida, feita sob anestesia geral, e costuma ter ótimos resultados.

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