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Zumbido, tinnitus ou acufenos

Tabela de Conteúdos

Zumbido, tinnitus ou acufenos: o que significa?

O zumbido no ouvido (tinnitus ou acufenos) é uma situação que corresponde ao aparecimento de um ruído anormal num ou nos dois ouvidos, de intensidade variável mas praticamente sempre incomodativo.

Possíveis causas do zumbido / tinnitus: o que pode ser?

Existem vários fatores associados ao aparecimento dos zumbidos, como sejam a idade avançada, alguns medicamentos, exposição frequente a ruído, otosclerose, presbiacusia, surdez súbita, doença de Ménière, schwannoma do acústico ou ainda doenças cardiovasculares, entre outras.

Há mais de trinta anos, as abordagens relacionadas com o zumbido focavam-se no sistema auditivo periférico, principalmente na cóclea. Entretanto, foi-se percebendo a associação a queixas de ansiedade, depressão, stress, problemas relacionados com o sono, que por sua vez, remetem para uma maior dificuldade para exercer as atividades diárias, dificuldade de concentração e foco.

Esta observação criou a base para o modelo neurofisiológico do zumbido, de Jastreboff, que explica com clareza, como outros sistemas cerebrais fora do sistema auditivo se relacionam. Através do sistema nervoso autónomo, o sistema límbico, (responsável por comportamentos emocionais, sexuais e sociais, aprendizagem e memória) interfere positiva ou negativamente no funcionamento de todo o organismo. A sua principal função é a integração das informações sensitivo-sensoriais com o estado psíquico, sendo atribuído um conteúdo afetivo a esses estímulos, originando uma resposta emocional.

Segundo Jastreboff, existem dois circuitos (loops) na rede das interconexões dos principais sistemas envolvidos no processamento do zumbido: um circuito superior (high loop) que envolve o processamento cognitivo (particularmente significativo durante o período inicial do zumbido) e um circuito inferior (low loop) que envolve o processamento subconsciente (dominante no zumbido crónico).

Possíveis sintomas relacionados

Por vezes o zumbido vem associado a perda auditiva ou a vertigem, mas muitas vezes como já antes referido, quer o sistema límbico quer o sistema cardiovascular estão envolvidos no aparecimento de zumbido.

Fatores de risco

Para além das doenças de ouvido já referenciadas, o stress e doenças do foro cardiovascular podem estar associados ao aparecimento de zumbido.

Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico é o próprio doente que o menciona. O médico toma conhecimento da presença de zumbido quando o doente assim o informa. Não existe nenhum sinal que indique que um doente tenha zumbido. Mesmo pacientes com hipertensão arterial por vezes não têm zumbido. 

O exame do zumbido inclui o histórico clínico do paciente, não só do ouvido, mas também geral, complementado por outros exames, o mais importante sendo o audiograma, que pode informar não só a intensidade do zumbido mas também a sua característica acústica. Além do audiograma existem outros exames como por exemplo as otoemissões acústicas que também informam o médico sobre a existência de zumbido.

Possíveis tratamentos

A situação mais simples e eficaz para o tratamento do zumbido é o paciente que se queixa de zumbido associado a perda auditiva. Neste caso, sempre que possível, é aplicada de imediato na Clínica ORL prótese auditiva tendo o paciente na maior parte dos casos uma sensação também imediata de desaparecimento do zumbido. Isto deve-se ao facto de a prótese auditiva, que mais não é que um complexo amplificador, aumentar o ruído ambiente que chega com maior volume ao cérebro, entrando em “competição” com o próprio zumbido sentido pelo paciente, fazendo com que este não seja audível, ainda que se mantenha.

Outros tratamentos para o zumbido incluem o modelo neurofisiológico onde Jastreboff propõe um tratamento, TRT (Tinnitus Retraining Therapy), que visa contrariar as reações negativas associadas ao zumbido, promovendo a sua habituação, através de reajustes entre as conexões do sistema auditivo com os outros sistemas cerebrais. A plasticidade cerebral é crucial para este treino e para que a habituação ocorra.

O TRT contém duas componentes que devem ser implementadas simultaneamente: aconselhamento de treino e terapia sonora.

A primeira componente (que influencia diretamente o “high loop”) inclui várias sessões de acompanhamento, no sentido de desmistificar o zumbido, neutralizando, assim, as associações negativas e as concessões erradas. Estas sessões vão ajudar as pessoas a “não o valorizar”, pois o zumbido “adora estados emocionais frágeis”. É, ainda, necessário recolher a história clínica, realizar a avaliação audiológica, usar questionários para uma categorização dos pacientes, (5 categorias), de acordo com a severidade sentida pelo zumbido, existência de hipoacusia, hiperacusia e exposição prolongada a ruído, que irá ajudar a definir os diferentes tratamentos.

Relativamente à segunda componente – terapia sonora (com maior impacto no “low loop”), quando não existe perda auditiva associada, é necessário recorrer a geradores de sons, com o objetivo de minimizar o zumbido, evitando o silêncio e promovendo o enriquecimento sonoro. Estes sons devem ser agradáveis para o paciente, não provocando desconforto nem causando uma excitação negativa do sistema límbico. Se o zumbido é acompanhado de surdez, a adaptação de prótese auditiva bilateral, só por si, será suficiente para eliminar o zumbido ou pelo menos para o atenuar. Existem, hoje em dia, próteses combinadas que reúnem as duas funções.

Em resumo, para além da amplificação sonora e do tratamento TRT há absoluta necessidade do controlo da ansiedade e do stress do individuo.

A que médico se deverá dirigir quando sente zumbidos?

O médico que inicialmente deve examinar um paciente com zumbido deve ser o otorrinolaringologista. Ele decidirá quais os especialistas que necessita para tratar esse paciente, especialistas que podem incluir audio-protesistas, psicólogo especializado no tratamento de zumbido (especialista que raramente se encontra mas que temos disponível na Clínica ORL), neurologista, internista ou mesmo psiquiatra.

Quando deverá procurar um médico?

Um zumbido que permanece mais do que 1 mês muito provavelmente não vai desparecer espontaneamente. Há situações de zumbidos ligados a infeções respiratórias que podem ter essa duração. A permanência do zumbido exige consulta nos especialistas atrás mencionados.

Possível evolução do sintoma se não tratado (possíveis complicações)

Se não tratado, a evolução vai variar de acordo com a causa do zumbido. 

Se a causa for uma causa benigna (como é o mais habitual), a situação psicológica do paciente irá agravar-se se o zumbido não for tratado.

Se a causa for uma doença neurológica importante (por exemplo, tumor cerebral), então a própria vida do paciente estará em perigo.

Como prevenir

Não existe forma de prevenção de zumbido, embora ajude sempre ter um estilo de vida saudável, comportamentos emocionais adequados e uma situação médica geral dentro dos parâmetros normais.

Perguntas Frequentes

Dependendo da causa, a duração é variável. No caso de otite ou infeção respiratória, a duração do zumbido não deve ultrapassar uma a duas semanas. Quando a causa é mais grave (como lesões cerebrais ou perturbações emocionais), o ruído vai manter-se enquanto a causa subjacente não for resolvida.

O zumbido é tanto maior quanto menor for o ruído ambiente. Desta forma, é normal que à noite, em casa, pareça que o zumbido aumenta de intensidade.

Quando o ouvido é “encerrado”, seja por que mecanismo for, o zumbido sentido internamente normalmente aumenta de intensidade. Ou seja, se os auscultadores forem usados para apenas ocluir o ouvido, o zumbido aumenta. Se os auscultadores forem usados com música o zumbido pode diminuir. Os auscultadores nunca devem fornecer música muita alta, pois isto agrava o zumbido e pode iniciar uma surdez.

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