O zumbido nos ouvidos, também conhecido como tinnitus ou acufenos, é a perceção de um som que não tem origem externa. Ou seja, o som não está presente no ambiente, mas é ouvido internamente, no ouvido ou na cabeça.
Este sintoma pode afetar um ou ambos os ouvidos, ter diferentes intensidades e ser contínuo ou intermitente. Em muitos casos, é desconfortável e afeta a concentração, o sono e a qualidade de vida.
O zumbido pode surgir por múltiplas causas. Muitas vezes, está relacionado com o sistema auditivo, mas também pode envolver fatores emocionais, cardiovasculares ou neurológicos.
As causas mais comuns incluem:
Ao longo dos anos, compreendeu-se que o zumbido não é apenas um problema do ouvido interno. A sua perceção está também ligada ao estado emocional, ao sono e à capacidade de atenção.
O modelo neurofisiológico de Jastreboff mostra que o zumbido é processado não só pelo sistema auditivo, mas também por outras áreas do cérebro.
Este modelo identifica dois circuitos principais:
O envolvimento do sistema límbico (emoções) e do sistema nervoso autónomo explica por que o zumbido é mais difícil de suportar quando a pessoa está ansiosa, em stress ou emocionalmente fragilizada.
O zumbido pode ocorrer isoladamente ou em conjunto com outros sintomas, dependendo da causa.
É comum a presença de:
Como mencionado anteriormente, nem todo o zumbido vem de problemas no ouvido. Em muitos casos, o stress emocional (via sistema límbico) ou problemas na circulação sanguínea (via sistema cardiovascular) também estão envolvidos no aparecimento ou agravamento do zumbido. Por isso, os sintomas podem ser muito distintos.
Existem situações e condições que aumentam a probabilidade de desenvolver zumbido.
Entre os principais fatores de risco encontram-se:
O diagnóstico do zumbido é clínico e baseado no relato do próprio paciente, já que não existem sinais externos visíveis.
A avaliação médica pode incluir:
O tratamento do zumbido depende da causa, da gravidade e do impacto que tem na vida do paciente.
As abordagens mais utilizadas são:
Nos casos em que o zumbido está associado a perda auditiva, a utilização de próteses auditivas pode ser altamente eficaz. O som ambiente amplificado “mascara” o zumbido, tornando-o menos perceptível ou até impercetível.
O zumbido “alimenta-se” de estados emocionais frágeis. Assim, é essencial controlar o stress e, quando necessário, ter acompanhamento psicológico ou psiquiátrico especializado.
Esta terapia baseia-se na habituação cerebral ao som do zumbido, através de dois componentes:
Em casos com perda auditiva, podem ser utilizadas próteses combinadas, que integram a amplificação e o gerador de sons.
O especialista que deve ser consultado em primeiro lugar é o otorrinolaringologista. É este médico que avalia a origem do zumbido e define o plano de exames e encaminhamentos necessários.
Consoante o caso clínico, podem ser envolvidos outros profissionais:
Este encaminhamento multidisciplinar é fundamental para tratar o zumbido de forma eficaz, especialmente nos casos mais persistentes ou complexos.
O zumbido pode ser transitório, mas há situações em que deve ser avaliado por um especialista.
É recomendada a consulta com um otorrinolaringologista se:
A evolução do zumbido depende da sua causa.
É fundamental identificar a origem e iniciar o tratamento o quanto antes.
Embora não exista uma forma 100% eficaz de prevenir o zumbido, alguns cuidados podem reduzir o risco.
Recomenda-se:
A duração depende da causa. No caso de otite ou infeção respiratória, a duração do zumbido não deve ultrapassar uma a duas semanas. Quando a causa é mais grave (como lesões cerebrais ou perturbações emocionais), o ruído vai manter-se enquanto a causa subjacente não for resolvida.
Depende da causa. Em muitos casos, não é possível eliminar totalmente o zumbido, mas é possível controlá-lo e reduzir o desconforto com tratamento adequado.
Sim. O stress é um dos fatores que pode desencadear ou agravar o zumbido, especialmente em pessoas mais vulneráveis emocionalmente.
Evitar o silêncio absoluto usando sons suaves de fundo (ex: música instrumental ou ruído branco), manter uma rotina de sono e evitar estimulantes pode ajudar a descansar melhor.
Além das terapias de relaxamento, recomenda-se evitar o silêncio prolongado, manter uma boa higiene do sono, reduzir o stress e adotar hábitos auditivos saudáveis. Estes cuidados complementam, mas não substituem, a avaliação médica.
Sim, desde que com moderação e volume baixo. Auscultadores passivos (sem som) podem intensificar o zumbido. Quando usados com sons suaves, podem ajudar a mascarar o ruído. Evite volumes elevados.
Não necessariamente. Embora seja comum em pessoas com perda auditiva, também pode surgir em indivíduos com audição normal. O exame audiológico é essencial para esclarecer essa relação.
Se o zumbido estiver relacionado com disfunção da articulação temporomandibular, o tratamento pode incluir fisioterapia, uso de placas de mordida e exercícios mandibulares. O acompanhamento por um dentista ou fisioterapeuta é recomendado.
É um tipo de zumbido que pulsa ao ritmo do batimento cardíaco. Pode estar ligado a alterações vasculares ou hipertensão e deve ser avaliado por um otorrinolaringologista ou neurologista.
Sim. O zumbido, por si só, não é uma contraindicação para voar.
O zumbido nos ouvidos é um sintoma comum que pode ter múltiplas causas e impactos. Embora nem sempre tenha cura, é possível aliviar significativamente o desconforto com acompanhamento especializado e tratamento adequado.
Se sofre de zumbido persistente, não ignore os sinais. Procure um otorrinolaringologista para avaliar o caso e encontrar a melhor solução.
Tópico | Resumo |
O que é | Perceção de som sem fonte externa |
Causas | Perda auditiva, ruído, infeções, doenças sistémicas, stress |
Sintomas associados | Vertigem, insónias, ansiedade, perda auditiva |
Diagnóstico | História clínica, audiograma, otoemissões |
Tratamentos | Próteses auditivas, TRT, terapia sonora, gestão emocional |
Quando procurar médico | Após 1 mês de persistência ou sintomas associados |
Médico indicado | Otorrinolaringologista, com possibilidade de encaminhamento para outras especialidades |
Complicações | Impacto psicológico ou associação a doença grave |
Prevenção | Vida saudável, proteção auditiva, evitar stress |
Este conteúdo é meramente informativo e não substitui uma avaliação médica personalizada. Em caso de sintomas persistentes ou dúvidas, agende uma consulta.
Fontes
Na Clínica ORL
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