“Doença dos Cristais” (cristais nos ouvidos)

Tabela de Conteúdos

A “doença dos cristais” ou os “cristais nos ouvidos“, como muitas pessoas chamam, é, na verdade, uma patologia auditiva chamada Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB). 

Esta doença é uma das causas mais frequentes de vertigem. Ocorre quando pequenos cristais do ouvido interno (otocónias) se deslocam do seu local habitual e interferem no equilíbrio. Apesar de os sintomas serem intensos, o diagnóstico e o tratamento são simples e altamente eficazes quando realizados por um otorrinolaringologista.

Tabela Resumo

Tópico

Resumo

O que é a “doença dos cristais”?

Deslocamento de pequenos cristais (otocónias) no ouvido interno, provocando vertigens súbitas e breves.

Causas

Espontânea na maioria dos casos; pode ocorrer após traumatismo craniano ou envelhecimento.

Sintomas

Vertigem rotatória curta, náuseas, desequilíbrio, sem perda auditiva nem zumbido.

Diagnóstico

História clínica e manobra de Dix-Hallpike, com exames vestibulares complementares.

Tratamentos

Manobras de reposicionamento (Epley, Semont) e reabilitação vestibular personalizada

Médico indicado

Otorrinolaringologista. 

Evolução

Melhoria rápida com tratamento; pode haver recidivas.

Prevenção

Não existem medidas preventivas comprovadas.

O que é a “Doença dos Cristais”?

A “Doença dos Cristais” ou VPPB é uma alteração do equilíbrio causada pelos cristais desalinhados no ouvido interno, também conhecidos como otocónias. Estas pequenas partículas de carbonato de cálcio são essenciais para o equilíbrio. Quando se deslocam para os canais semicirculares, interferem com o sistema vestibular, e causam vertigens curtas e intensas, geralmente ao mudar de posição, deitar-se, levantar-se ou olhar para cima.

A VPPB é uma condição benigna, mas pode ser altamente desconfortável. É a principal causa de vertigem em adultos e idosos.

Quais as possíveis causas da “Doença dos Cristais”?

Na maioria das situações, a doença dos cristais nos ouvidos surge de forma espontânea. Contudo, existem fatores que podem provocar o desalinhamento dos cristais nos ouvidos, como por exemplo:

  • Traumatismo craniano ou “efeito chicote” (movimento brusco da cabeça);
  • Envelhecimento natural do ouvido interno;
  • Inflamações ou infeções labirínticas;
  • Períodos prolongados de repouso ou imobilização;
  • Enxaqueca vestibular e outras alterações do labirinto.

Mesmo sem uma causa identificável, a VPPB tem tratamento eficaz e resultados muito positivos.

Quais os sintomas mais frequentes?

Os sintomas podem surgir de forma súbita e causar desconforto significativo. Os sintomas dos cristais nos ouvidos desalinhados incluem:

  • Vertigem rotatória intensa e de curta duração (geralmente segundos);
  • Desequilíbrio e sensação de instabilidade;
  • Náuseas e, ocasionalmente, vómitos;
  • Dificuldade em manter o foco ou em movimentar-se durante o episódio.

Ao contrário de outras doenças vestibulares, a “doença dos cristais” não provoca perda auditiva nem zumbido nos ouvidos.

As crises surgem tipicamente ao mudar de posição na cama, olhar para cima ou deitar-se.

sintomas cristais nos ouvidos desalinhados
Imagem meramente ilustrativa

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da doença dos cristais nos ouvidos é realizado por um otorrinolaringologista, com base na história clínica e em manobras específicas.

Manobra de Dix-Hallpike

É o teste de referência para confirmar a VPPB. Durante a manobra, o médico movimenta cuidadosamente a cabeça do paciente, observando os movimentos oculares (nistagmo) que confirmam o ouvido afetado e o canal semicircular envolvido.

Exames complementares

Para confirmar o diagnóstico e excluir outras causas, podem ser realizados:

  • Audiograma: geralmente normal na VPPB.
  • Videonistagmografia (VNG): avalia os movimentos oculares e a função vestibular, ajudando a identificar o ouvido e o canal semicircular afetados.
  • Video Head Impulse Test (vHIT): mede os reflexos vestibulares e fornece informações precisas sobre a função dos canais semicirculares.
  • Ressonância magnética (RM): apenas se houver suspeita de origem central ou sintomas atípicos.

O diagnóstico é rápido, indolor e essencial para orientar o tratamento correto.

Quais os possíveis tratamentos para a "Doença dos Cristais"?

A Doença dos Cristais (VPPB) é uma das situações de vertigem com melhor resposta ao tratamento. Não existe medicação capaz de corrigir a causa, mas as manobras de reposicionamento são altamente eficazes e permitem aliviar os sintomas de forma rápida e segura. Estas manobras, realizadas por um otorrinolaringologista, consistem em movimentos específicos da cabeça e do corpo que recolocam os cristais do ouvido (otocónias) no seu local correto.

As técnicas mais utilizadas incluem:

  • Manobra de Epley: a mais comum e eficaz na maioria dos casos;
  • Manobra de Semont: alternativa quando a Epley não é bem tolerada;
  • Exercícios de Brandt-Daroff: utilizados como complemento para prevenir recorrências.

Estas técnicas apresentam uma taxa de sucesso elevada, com melhoria imediata após uma única sessão. Saiba mais sobre estas manobras no artigo Exercícios para Colocar os Cristais do Ouvido no Lugar.

Em casos muito raros, quando as manobras não resultam, pode ser considerada cirurgia para ocluir o canal semicircular afetado, mas esta opção é excecional. Se a recuperação não ocorrer como previsto, o médico poderá avaliar outras causas associadas, como enxaqueca vestibular ou doença de Ménière, que exigem abordagens diferentes.

Qual a possível evolução ou complicações se não tratada?

Quando não tratada, a doença dos cristais pode tornar-se crónica e incapacitante, limitando a mobilidade e aumentando o risco de quedas. 

Com o tratamento adequado, a recuperação é rápida e completa na maioria dos casos. No entanto, podem ocorrer recidivas, especialmente em idosos ou pessoas com histórico de traumatismos.

Existem formas de prevenir a “Doença dos Cristais”?

Não existem medidas preventivas comprovadas. Contudo, recomenda-se:

  • Evitar traumatismos cranianos (uso de capacete em desportos e motas);
  • Fazer pausas regulares em atividades que exijam movimentos bruscos da cabeça;
  • Procurar avaliação médica precoce ao primeiro episódio de vertigem;
  • Seguir corretamente as orientações do médico após as manobras.

A prevenção secundária consiste em reconhecer os sinais de alerta e agir rapidamente para evitar recorrências.

Perguntas Frequentes

Não. Uma crise pode ser tratada com sucesso através das manobras de reposicionamento, eliminando a vertigem, mas o problema pode voltar a surgir meses ou anos mais tarde. Em caso de recidiva, o tratamento deve ser repetido pelo otorrinolaringologista.

Os cristais do ouvido interno (otocónias) podem deslocar-se devido a traumatismos cranianos, envelhecimento natural, movimentos bruscos da cabeça, alterações metabólicas ou efeitos da gravidade. Em muitos casos, o desalinhamento ocorre sem uma causa específica identificável.

Normalmente, após a execução correta da manobra de Dix-Hallpike, seguida das manobras de Epley ou Semont, o paciente fica livre de sintomas em poucos minutos. É recomendável manter a cabeça imóvel durante algumas horas para garantir a estabilização dos cristais e evitar novos episódios. Pode persistir ligeira tontura ou sensação de instabilidade nas primeiras 24 a 48 horas, o que é normal durante o processo de readaptação do ouvido interno.

Sim, é possível, mas esta manobra requer precisão e rigor na execução, pelo que deve ser inicialmente realizada com acompanhamento médico. O otorrinolaringologista pode demonstrar a técnica e ensinar como executá-la em segurança. Após esse treino, e apenas em casos recorrentes, o médico poderá autorizar a sua realização em casa.

As manobras mais eficazes são as de Epley e Semont, que reposicionam os cristais no ouvido interno. Os exercícios de Brandt-Daroff podem ser usados como complemento para reabilitação e prevenção de novas crises. Saiba mais sobre estas manobras no artigo Exercícios para Colocar os Cristais do Ouvido no Lugar: Guia Completo.

Não. Não existe medicação eficaz para o controlo da VPPB (Doença dos Cristais). A recuperação é obtida exclusivamente através das manobras posicionais, como as manobras de Epley e Semont, que recolocam os cristais no ouvido interno e eliminam a vertigem.

Não é uma condição grave, mas pode ser muito incapacitante durante as crises, sobretudo em idosos, devido ao risco de quedas. O tratamento precoce é importante para evitar acidentes e recuperar o equilíbrio.

Sim. Apesar de o tratamento ser eficaz, a VPPB pode reaparecer. Quando surgem novamente sintomas de vertigem ao mudar de posição, deve procurar o otorrinolaringologista para repetir a manobra adequada.

Sim. É comum sentir tontura leve ou desequilíbrio transitório nas primeiras horas após o tratamento. Estas sensações são passageiras e indicam que o sistema vestibular está a readaptar-se.

Não. A alimentação não tem influência direta no desalinhamento dos cristais do ouvido.
Ainda assim, manter hábitos saudáveis e boa hidratação contribui para o bem-estar geral e para o equilíbrio corporal.

Deve procurar um médico otorrinolaringologista se:

  • As vertigens forem intensas, prolongadas ou recorrentes;
  • Existirem zumbidos, perda de audição ou dor de ouvido;
  • Surgirem sintomas neurológicos, como visão dupla, fraqueza, dormência ou dificuldade em falar.

A avaliação médica é essencial para confirmar o diagnóstico e indicar o tratamento adequado.

A Doença dos Cristais é uma das causas mais comuns de vertigem e, embora seja benigna, não deve ser ignorada. Ao primeiro sinal de tontura, instabilidade ou vertigem ao mudar de posição, procure avaliação especializada.

Agende uma consulta com um otorrinolaringologista para obter um diagnóstico preciso e iniciar o tratamento adequado o quanto antes.

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Este conteúdo é meramente informativo e não substitui uma avaliação médica personalizada. Agende uma consulta.

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