Otite Externa

Tabela de Conteúdos

A otite externa é uma infeção da pele do canal auditivo externo, na grande maioria das vezes de origem bacteriana. Surge com frequência no verão e pode causar dor intensa, comichão e perda auditiva temporária. O tratamento inclui gotas otológicas, analgésicos e, em casos graves, antibiótico oral. Com cuidados adequados, a recuperação geralmente ocorre em 7 a 10 dias.

O que é a Otite Externa?

A otite externa é uma infeção ou inflamação da pele que reveste o canal auditivo externo (CAE), desde a entrada do ouvido até à membrana do tímpano. Acontece quando a barreira natural de proteção do cerúmen é comprometida, facilitando a entrada de microrganismos. Pode surgir após natação, exposição prolongada à humidade ou uso inadequado de cotonetes.

otite externa
Imagem meramente ilustrativa

Quais os tipos e causas da Otite Externa?

A otite externa pode ser classificada conforme a duração e origem da infeção:

Otite externa aguda

  • Dura, geralmente, menos de 6 semanas.
  • Frequentemente causada por bactérias, como Pseudomonas aeruginosa ou Staphylococcus aureus.
  • Surge após exposição à água (natação, chuveiro) ou microtrauma no canal auditivo.

Otite externa crónica

  • Persiste por mais de 3 meses.
  • Pode envolver inflamação contínua ou infeção recorrente.
  • Associada a condições de pele (como eczema ou dermatite), alergias ou stress.

Otomicose (otite externa fúngica)

  • Causada por fungos como Aspergillus ou Candida.
  • Mais frequente em climas quentes e húmidos, com exposição prolongada à água (frequentemente relacionada com a entrada de água poluída no ouvido).
  • Provoca comichão intensa, secreção e sensação de ouvido cheio (geralmente, responde bem ao tratamento médico com gotas antifúngicas).

Otite externa maligna (necrotizante)

  • Tipicamente causada por Pseudomonas aeruginosa.
  • Afeta pessoas com imunossupressão ou diabetes.
  • Pode evoluir para osteomielite do osso temporal ou lesão de nervos cranianos.
  • Considerada uma emergência médica.

Quais os sintomas mais frequentes da Otite Externa?

Os sinais e sintomas mais comuns da otite externa incluem:

  • Dor intensa, que pode agravar com o toque na orelha;
  • Comichão persistente;
  • Sensação de ouvido tapado ou pressão;
  • Secreção ou humidade no canal auditivo;
  • Redução temporária da audição.

Nos casos de otite externa crónica, a dor é menos intensa, havendo prurido como sintoma predominante.

Quais os principais fatores de risco?

A otite externa é favorecida por diversos fatores que comprometem a integridade ou o ambiente do canal auditivo externo. Os principais incluem:

  • Climas húmidos e quentes, que promovem a retenção de humidade no canal auditivo e criam condições ideais para o crescimento de bactérias e fungos.
  • Exposição a água contaminada, especialmente em piscinas, praias ou lagos, pode introduzir microrganismos infecciosos no ouvido.
  • Canal auditivo externo (CAE) estreito, seja por anatomia natural ou alterações como exostoses, dificulta a drenagem e aumenta o risco de infeção.
  • Presença de exostoses (crescimentos ósseos benignos no canal auditivo), frequentemente associadas a nadadores regulares, que favorecem o bloqueio e a retenção de água.
  • Cerúmen em excesso, que pode obstruir o canal e acumular humidade, criando um ambiente favorável à proliferação microbiana.
  • Traumatismos locais ou inserção de corpo estranho, como cotonetes, auriculares ou tampões mal higienizados, podem lesar a pele protetora do canal e facilitar infeções.
  • Eczema no ouvido ou outras dermatites locais, que fragilizam a barreira da pele e tornam o canal auditivo mais vulnerável a infeções.
  • Sudorese aumentada, stress e exposição a alergénios, que podem contribuir para inflamação local e alterações da microbiota do canal auditivo.
  • Doença crónica, como diabetes mellitus, ou imunossupressão associada a quimioterapia, radioterapia, ou VIH, aumentam o risco de infeções mais graves, como a otite externa maligna.
  • Utilização de dispositivos auditivos, incluindo próteses auditivas, auriculares ou tampões, que causam microtraumatismos, retêm humidade ou alteram a ventilação do canal auditivo.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é clínico e baseia-se na observação direta do canal auditivo através de otoscópio (otoscopia) ou microscópio. Se o canal estiver obstruído por cerúmen ou secreções, pode ser necessário efetuar uma limpeza especializada para permitir a correta avaliação e início do tratamento.

diagnostico otite externa
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Como é feito o tratamento da Otite Externa?

Preparação para o tratamento

Antes de iniciar qualquer medicação, o otorrinolaringologista poderá ter de efetuar uma limpeza, por micro-sucção ou irrigação, para remover cerúmen e secreções. Este procedimento melhora a eficácia das gotas e é indicado preferencialmente nos casos com obstrução do canal.

Aplicação de gotas tópicas

  • O tratamento tópico é o mais eficaz na maioria dos casos de otite externa e atua diretamente na infeção.
  • Os pacientes devem deitar-se de lado com a orelha afetada virada para cima (preferencialmente com ajuda de outra pessoa para aplicar as gotas). É recomendável permanecer nessa posição entre 3 a 5 minutos para garantir absorção adequada.
  • As gotas podem conter:
    • ácido acético 2 % (para casos leves ou como medida preventiva);
    • antibiótico + corticoide (ex. ciprofloxacino + dexametasona ou polymyxin B + neomicina);
    • antifúngico, em caso de otomicose identificada.

A duração habitual do tratamento é de 7 a 14 dias, com cura clínica em 7 a 10 dias na maioria dos casos.

Uso de “wick” (esponja ou fita absorvente)

  • Quando o canal auditivo está muito edemaciado ou bloqueado, coloca-se um wick de celulose medicado impregnado com gotas. Isso permite que o medicamento alcance áreas inacessíveis devido ao edema.

O wick expande-se dentro do canal e é geralmente mantido por 2 a 3 dias, caindo espontaneamente à medida que o canal melhora. A aplicação de gotas deverá continuar até completar o tratamento.

Analgésicos

  • A dor pode ser significativa. O otorrinolaringologista poderá receitar-lhe paracetamol, ibuprofeno ou diclofenac, administrados de forma regular até alívio consistente.
  • Compressas mornas locais também podem ser úteis para conforto adicional.

Antibiótico oral

  • Habitualmente não necessário para formas simples de otite externa.
  • Indicados apenas em situações de infeção grave, disseminação cutânea (celulite periaural) ou em doentes com fatores de risco como diabetes ou imunossupressão.

Cuidados complementares durante tratamento

  • Manter o ouvido seco, evitando natação ou exposição à água durante 7 a 10 dias.
  • Usar algodão embebido em vaselina durante o banho e secar o ouvido com secador em temperatura baixa.

Médico indicado para tratar Otite Externa

O diagnóstico e tratamento da otite externa são da responsabilidade da Otorrinolaringologia.

Evolução da Otite Externa se não tratada

Quando não é tratada de forma adequada e atempada, a otite externa pode evoluir para formas mais complexas ou causar complicações relevantes:

  • Prolongamento dos sintomas: A dor, comichão e desconforto auditivo tendem a intensificar-se, afetando a qualidade de vida e o sono.
  • Edema progressivo do canal auditivo: A inflamação pode provocar obstrução completa do canal, levando à perda auditiva temporária.
  • Secreção persistente:O exsudado inflamatório e infecioso pode tornar-se mais denso, purulento e malcheiroso.
  • Perfuração timpânica: A infeção pode atingir a membrana timpânica e provocar a sua rotura, aumentando o risco de infeções do ouvido médio.
  • Celulite periauricular: A infeção pode propagar-se à pele envolvente da orelha e pescoço, tornando-se uma infeção cutânea localizada (celulite).
  • Otite externa maligna (necrotizante): Em doentes imunocomprometidos (ex. com diabetes, VIH ou em quimioterapia), a infeção pode atingir os tecidos ósseos da base do crânio, com risco de osteomielite e complicações neurológicas graves. Esta condição é rara, mas potencialmente fatal.

Por estes motivos, é fundamental procurar um médico ao primeiro sinal de sintomas, evitando que a otite externa progrida para formas complicadas ou graves.

Como prevenir?

Algumas medidas simples podem prevenir o aparecimento de otite externa:

  • Secar bem os ouvidos após natação ou banho, com toalha ou secador em baixa potência;
  • Evitar o uso de cotonetes ou introdução de objetos no ouvido;
  • Aplicar gotas preventivas (ex. ácido acético) após contacto frequente com água, com orientação médica;
  • Utilizar proteção auditiva adequada ao nadar, como tampões próprios;
  • Evitar exposição prolongada a ambientes húmidos ou poluídos.

Perguntas Frequentes

Sim, a otite externa é grave, pois é uma patologia extremamente desconfortável e dolorosa.

Não. A otite externa não se transmite de pessoa para pessoa.

Uma otite externa aguda, com tratamento adequado, responde ao tratamento em cerca de 1 semana. Casos crónicos ou fúngicos podem demorar mais tempo.

Sim, na maioria dos casos o tratamento é feito com gotas antibióticas ou antifúngicas prescritas pelo otorrinolaringologista.

A maioria dos casos melhora significativamente nos primeiros 2 ou 3 dias após o início do tratamento. A recuperação completa ocorre, geralmente, após 1 semana. Se os sintomas persistirem por mais de 14 dias ou agravarem, é necessária nova avaliação médica.

Só em casos mais graves ou com complicações. A maioria das situações responde bem a tratamento tópico. Agende uma consulta na Clínica ORL para um diagnóstico e tratamento adequados.

O médico poderá recomendar analgésicos como paracetamol, ibuprofeno ou diclofenac. Compressas mornas também podem ajudar.

É a forma mais grave da doença, que pode afetar os ossos do crânio e colocar a vida em risco. É mais comum em doentes com diabetes ou imunossuprimidos e requer tratamento hospitalar.

Se houver perfuração do tímpano, devem evitar-se gotas ototóxicas. A perfuração geralmente cicatriza em semanas ou meses; cirurgia pode ser necessária se não cicatrizar espontaneamente.

No caso de estar com uma otite externa, há alguns cuidados importantes sobre o que evitar, para não agravar a inflamação ou prolongar a recuperação, nomeadamente:

  • Não introduzir objectos no ouvido, como cotonetes, palitos, ganchos ou outros, para limpar ou coçar. Isso pode lesionar a pele do canal auditivo e agravar a infecção.
  • Não nadar ou mergulhar enquanto durar a infecção, para evitar a entrada de água que favorece a proliferação de microrganismos.
  • Não utilizar gotas ou soluções caseiras sem indicação médica, como álcool, vinagre, azeite ou outros produtos irritantes.
  • Não ignorar sintomas persistentes, como dor intensa, saída de pus, febre ou perda de audição; devem ser avaliados por um profissional de saúde.
  • Não usar tampões ou auscultadores intra-auriculares durante o tratamento, pois aumentam a humidade e o risco de traumatismo no canal auditivo.

A otite externa é uma patologia relativamente frequente, mas que não deve ser desvalorizada. Ao primeiro sinal de dor, comichão ou desconforto no ouvido, é fundamental procurar avaliação médica.

Agende uma consulta com um otorrinolaringologista para obter um diagnóstico rigoroso e iniciar o tratamento adequado o quanto antes.

Tabela Resumo

Tópico

Resumo

Definição

Inflamação ou infeção da pele do canal auditivo externo, geralmente de origem bacteriana.

Principais tipos

Aguda, crónica, fúngica (otomicose) e maligna (necrotizante).

Causas comuns

Água retida, microtraumatismos, uso de objetos no ouvido, alteração da barreira protetora de cerúmen.

Sintomas frequentes

Dor intensa, comichão, sensação de ouvido cheio, secreção e perda auditiva temporária.

Fatores de risco

Ambiente húmido, canal estreito, eczema, uso de tampões/auriculares, diabetes, imunossupressão.

Diagnóstico

Exame com otoscópio ou microscópio, com possível necessidade de limpeza.

Tratamento habitual

Gotas antibióticas, antifúngicas ou acidificantes, analgésicos, antibiótico oral em casos graves.

Tempo de recuperação

Entre 7 a 10 dias, com melhoria visível nas primeiras 48 a 72 horas.

Médico indicado

Otorrinolaringologista

Complicações possíveis

Perfuração do tímpano, infeção mais profunda, perda auditiva.

Prevenção

Manter ouvidos secos, evitar objetos no ouvido, usar proteção em ambiente húmido, gotas preventivas após natação.

Este conteúdo é meramente informativo e não substitui uma avaliação médica personalizada. Em caso de sintomas persistentes ou dúvidas, agende uma consulta.

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