amigdalite bacteriana
Otorrinolaringologia
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Amigdalite Bacteriana: Causas, Sintomas e Tratamento

Tabela de Conteúdos

A amigdalite bacteriana é uma infeção das amígdalas, causada sobretudo por Streptococcus pyogenes (estreptococo do grupo A). É mais frequente em crianças e adolescentes, principalmente no inverno e na primavera. Os sintomas típicos incluem dor de garganta intensa ao engolir, febre alta, mau hálito e placas de pus nas amígdalas. 

O diagnóstico é clínico e pode ser confirmado por zaragatoa faríngea. O tratamento inclui antibiótico (por exemplo, amoxicilina), controlo da dor e da febre, repouso e hidratação. Procurar um otorrinolaringologista é essencial quando a dor é intensa, existe febre alta ou dificuldade em engolir.

O que é a amigdalite bacteriana?

A amigdalite é uma inflamação das amígdalas, dois pequenos órgãos na parte posterior da garganta com papel de defesa imunitária. Quando a infeção é provocada por bactérias, falamos de amigdalite bacteriana, que requer atenção médica para reduzir complicações e limitar o contágio.

A amigdalite bacteriana afeta crianças e adultos, com maior incidência no inverno e na primavera. Em contexto escolar/creche, o contacto próximo facilita a transmissão.

Causas da amigdalite bacteriana

A amigdalite bacteriana é, na maioria dos casos, causada pela bactéria Streptococcus pyogenes, também conhecida como estreptococo do grupo A. Este microrganismo é responsável por grande parte das faringoamigdalites bacterianas em crianças e adolescentes, mas também pode afetar adultos.

Embora menos comuns, outras bactérias também podem provocar a doença, como:

  • Streptococcus pneumoniae;
  • Staphylococcus aureus;
  • Haemophilus influenzae;
  • Neisseria gonorrhoeae (rara, mais associada a transmissão sexual).

A infeção instala-se quando estas bactérias colonizam as amígdalas e desencadeiam inflamação e resposta imunitária local.

Como ocorre a transmissão

O contágio acontece sobretudo através de:

  • Gotículas respiratórias libertadas ao tossir, espirrar ou falar.
  • Contacto direto próximo com pessoas infetadas.
  • Contacto indireto com superfícies ou objetos contaminados.
  • Partilha de objetos pessoais, como copos, talheres, garrafas, toalhas ou escovas de dentes

Os períodos de maior incidência coincidem com o inverno e a primavera, quando há maior proximidade em espaços fechados e circulação de agentes respiratórios.

Em ambientes escolares e familiares, a propagação é mais rápida, sendo frequente o aparecimento de casos em sequência dentro do mesmo agregado.

Saiba mais sobre o contágio da amigdalite bacteriana.

Sintomas da amigdalite bacteriana

Os sintomas da amigdalite bacteriana tendem a aparecer de forma súbita e podem variar de intensidade consoante a idade, estado geral de saúde e tempo de evolução da infeção.

Os mais frequentes incluem:

  • Dor de garganta intensa, que piora ao engolir (odinofagia) e pode irradiar para os ouvidos;
  • Febre alta, geralmente acima de 38 °C;
  • Amígdalas inchadas, vermelhas e com placas de pus esbranquiçadas ou amareladas;
  • Gânglios linfáticos do pescoço inchados e dolorosos, sinal da resposta imunitária;
  • Mau hálito (halitose), causado pela presença de bactérias e pus nas amígdalas;
  • Fadiga e mal-estar generalizado, que podem limitar a atividade diária;
  • Falta de apetite, devido à dor e febre;
  • Dor de cabeça e, por vezes, dor de ouvido referida (causada pela ligação nervosa entre garganta e ouvidos);
  • Alteração da voz (voz abafada ou “voz de batata quente”), quando há inflamação intensa.

Em crianças pequenas, pode haver também irritabilidade e recusa alimentar; em adolescentes e adultos, os sintomas tendem a ser mais marcados.

A presença de placas de pus e febre elevada é mais típica das infeções bacterianas do que virais, mas apenas o teste de zaragatoa faríngea ou cultura confirma o diagnóstico.

Diagnóstico da amigdalite bacteriana

O diagnóstico é realizado pelo médico otorrinolaringologista, com base na história clínica, na descrição dos sintomas e no exame físico da garganta e das amígdalas.

Durante a observação, o médico avalia:

  • Presença de vermelhidão, aumento de volume e placas de pus nas amígdalas;
  • Edema e inflamação da parede posterior da garganta;
  • Aumento e dor à palpação dos gânglios linfáticos do pescoço;
  • Sinais associados, como febre, mau hálito ou alteração da voz.

Embora a avaliação clínica seja fundamental, os sinais e sintomas não permitem distinguir com certeza entre amigdalite viral e bacteriana. Por isso, pode ser necessário confirmar a origem da infeção através de exames complementares.

Testes de confirmação

  • Zaragatoa faríngea: amostra colhida da parte posterior da garganta e amígdalas com um cotonete estéril;
  • Teste rápido de antigénio para estreptococo: fornece resultados em poucos minutos e permite iniciar tratamento imediato, quando indicado;
  • Cultura da zaragatoa: exame laboratorial mais preciso, capaz de identificar a bactéria e orientar o antibiótico; o resultado demora geralmente 24-48 horas.

Em casos duvidosos, estes testes ajudam a evitar o uso desnecessário de antibióticos e garantem que o tratamento é adequado.

O diagnóstico diferencial pode incluir outras causas de dor de garganta, como amigdalite viral, mononucleose infeciosa, faringite estreptocócica isolada ou infeções fúngicas.

Tratamento da amigdalite bacteriana

O tratamento tem como objetivos eliminar a infeção, aliviar os sintomas e prevenir complicações. Deve ser definido por um médico otorrinolaringologista, adaptando-o à idade, histórico clínico e gravidade dos sintomas.

Antibiótico

O tratamento de eleição é um antibiótico eficaz contra o estreptococo do grupo A.

  • Amoxicilina é frequentemente utilizada por via oral.
  • Em situações específicas, pode ser administrada penicilina benzatínica numa injeção única.
  • Para pessoas com alergia a penicilinas, podem ser usados macrólidos, como azitromicina ou claritromicina.

O antibiótico deve ser iniciado quando existe confirmação clínica e/ou laboratorial da infeção bacteriana. É fundamental cumprir todo o ciclo prescrito (cerca de 8 dias), mesmo que haja melhoria precoce dos sintomas, para garantir a eliminação completa da bactéria e reduzir o risco de recorrência ou complicações.

Alívio dos sintomas

O controlo da dor e da febre inclui:

  • Paracetamol ou ibuprofeno, de acordo com a orientação médica.
  • Pastilhas ou sprays de ação local para reduzir o desconforto.
  • Gargarejos com água morna e sal ou soluções adequadas para hidratar a mucosa e aliviar a dor.
  • Alimentação suave e de temperatura morna ou fria para reduzir a irritação.
  • Evitar bebidas muito quentes, alimentos picantes e exposição ao fumo.

Repouso e hidratação

O repouso facilita a recuperação e a hidratação adequada mantém as mucosas protegidas e reduz a dor de garganta. Ambientes húmidos, obtidos por exemplo com um humidificador, podem aumentar o conforto.

Amigdalectomia

A amigdalectomia (remoção cirúrgica das amígdalas) pode ser indicada quando:

  • infeções bacterianas recorrentes (por exemplo, mais de 5–6 episódios/ano documentados).
  • Surgem complicações como abscesso periamigdaliano ou obstrução grave da via aérea.
  • A frequência e intensidade dos episódios comprometem de forma significativa a qualidade de vida.

A decisão é sempre individualizada, considerando benefícios, riscos e impacto esperado na saúde do paciente.

Possíveis complicações

A maioria dos casos de amigdalite bacteriana melhora com tratamento adequado. No entanto, se não for tratada atempadamente, podem ocorrer, embora raramente:

  • Abscesso periamigdaliano (quinsy): acumulação de pus ao redor da amígdala, com dor intensa, dificuldade em engolir e, por vezes, dificuldade em abrir a boca. Pode exigir drenagem e antibióticos.
  • Febre reumática: inflamação que pode afetar coração, articulações e sistema nervoso, causando dor articular e alterações cardíacas.
  • Glomerulonefrite: inflamação dos rins após infeção, com urina escura, inchaço e aumento da pressão arterial.

O reconhecimento precoce e o tratamento correto da amigdalite bacteriana são as formas mais eficazes de prevenir estas complicações.

Prevenção

Adotar medidas simples e consistentes ajuda a reduzir o risco de contrair ou transmitir a amigdalite bacteriana e também a prevenir recorrências. 

Entre as principais recomendações, destacam-se:

  • Lavar as mãos com frequência e etiqueta respiratória (tossir/espirrar para o antebraço).
  • Evitar contacto próximo com pessoas infetadas.
  • Não partilhar copos, talheres, pratos ou escovas de dentes.
  • Manter hábitos saudáveis (sono, alimentação equilibrada e atividade física).
  • Após iniciar antibiótico, a contagiosidade tende a reduzir no período inicial indicado pelo médico; cumprir a terapêutica e as recomendações acelera o retorno seguro à escola/trabalho.

Estas medidas, quando associadas a um tratamento adequado, são eficazes para controlar a disseminação da doença e proteger a saúde individual e comunitária.

Quando consultar um otorrinolaringologista?

Procure avaliação médica se a dor de garganta for intensa e persistir por mais de dois dias com febre alta, se existir dificuldade em engolir ou respirar, ou se os sintomas forem muito recorrentes. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para evitar complicações.

Na Clínica ORL, dispomos de otorrinolaringologistas qualificados para diagnosticar e tratar eficazmente a amigdalite bacteriana.

Perguntas Frequentes

Sim. A amigdalite bacteriana é contagiosa e transmite-se por gotículas respiratórias e contacto próximo. O risco de transmissão é reduzido após o início do antibiótico, seguindo as indicações do médico.

Sim, quando confirmada por avaliação clínica e/ou teste. O antibiótico encurta a duração da infeção, reduz complicações e diminui o contágio. Deve ser tomado até ao fim do ciclo prescrito.

Com tratamento, há melhoria habitualmente em 2-3 dias. Ainda assim, é essencial concluir o ciclo (normalmente cerca de 8 dias) para garantir resolução completa.

A amigdalite bacteriana tende a apresentar febre alta, placas de pus nas amígdalas, dor intensa ao engolir e gânglios linfáticos dolorosos no pescoço. Já a amigdalite viral costuma estar associada a febre mais baixa, sintomas respiratórios como tosse, nariz entupido ou corrimento nasal, e ausência de pus nas amígdalas. 

Apesar destas diferenças, só a zaragatoa faríngea (teste rápido ou cultura) confirma com segurança o diagnóstico.

Sim, a amigdalite bacteriana pode ser recorrente. Quando ocorrem vários episódios num mesmo ano ou surgem complicações, como um abscesso periamigdaliano, o médico pode ponderar a amigdalectomia (remoção das amígdalas). A decisão é sempre individualizada e feita após avaliação criteriosa dos benefícios e riscos para cada paciente.

Sim. A incidência é maior no inverno e primavera, períodos com maior circulação de agentes respiratórios e contacto em contexto escolar.

O regresso é decidido pelo médico consoante evolução clínica e tempo após início do antibiótico. Em geral, recomenda‑se aguardar o período mínimo indicado pelo médico para reduzir o contágio e retomar atividade quando os sintomas estiverem controlados.

Uma alimentação equilibrada é útil para saúde global; no entanto, probióticos e vitaminas não substituem o antibiótico quando este é indicado. A decisão sobre suplementos deve ser discutida com o médico.

Se apresenta sintomas como dor de garganta intensa, febre alta ou dificuldade em engolir, procure um otorrinolaringologista para avaliação e tratamento personalizados. Na Clínica ORL, contamos com profissionais experientes e os meios necessários para diagnosticar e tratar esta condição de forma eficaz e segura.

Tabela Resumo

Tópico

Resumo

O que é

Infeção bacteriana das amígdalas

Causa principal

Estreptococo do grupo A (Streptococcus pyogenes)

Outras bactérias possíveis

Streptococcus pneumoniae, Staphylococcus aureus, Haemophilus influenzae (menos frequentes)

Sintomas típicos

Dor ao engolir, febre alta, placas de pus, gânglios cervicais dolorosos, mau hálito

Diagnóstico

Observação clínica + zaragatoa faríngea (teste rápido/cultura) quando indicado

Tratamento

Antibiótico (ex.: amoxicilina) + analgésicos/antipiréticos, repouso e hidratação

Possíveis complicações

Abscesso periamigdaliano, febre reumática, glomerulonefrite (raras)

Prevenção

Higiene das mãos, evitar partilhas, afastamento de doentes

Quando consultar o médico

Dor intensa >2 dias com febre alta/dificuldade em engolir; sinais de alarme



Este conteúdo é meramente informativo e não substitui uma avaliação médica personalizada. Em caso de sintomas persistentes ou dúvidas, agende uma consulta.

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