Epistaxis (sangrar do nariz)

Tabela de Conteúdos

A epistaxis é o termo médico para hemorragia nasal. É muito frequente e, na maioria dos casos, resolve-se com medidas simples: sentar-se, inclinar a cabeça ligeiramente para a frente e comprimir a parte mole do nariz durante 10 a 15 minutos, sem interromper.
Quando o sangramento é abundante, persiste, repete-se com frequência ou vem acompanhado de sinais de alarme, deve ser avaliado por um otorrinolaringologista.

Epistaxis: o que significa?

Epistaxis é o termo médico para hemorragia nasal, manifestando-se como sangramento através das narinas. É um evento frequente, mais comum em crianças e idosos, e geralmente autolimitado.

Principais causas da Epistaxis (sangramento nasal)

O nariz contém uma densa rede de vasos sanguíneos muito próximos da superfície da mucosa. Por serem frágeis, podem romper-se facilmente, originando hemorragia.

A maioria das epistaxis é ligeira e autolimitada, mas diferentes situações podem desencadear o sangramento no momento.

As causas diretas mais comuns incluem:

  • Traumas imediatos: pancadas, quedas, lesões desportivas ou assoar com força.
  • Irritação súbita da mucosa: por ar excessivamente seco ou frio, variações bruscas de temperatura ou exposição a aquecimento/ar condicionado.
  • Inflamações ou infeções agudas: como constipações ou rinites de início recente.
  • Introdução de corpos estranhos: mais frequente em crianças.
  • Exposição recente a irritantes: fumo, poeiras ou vapores químicos.
  • Manipulação do nariz no momento: coçar ou tentar remover crostas.
  • Cirurgia ou procedimento recente em Otorrinolaringologia: no período imediato pós-operatório.

A maioria das epistaxes é anterior, afetando a chamada área de Kiesselbach (região na parte frontal do septo nasal onde vários vasos sanguíneos se encontram muito próximos da superfície). Por estar mais exposta e ser ricamente irrigada, esta zona é particularmente vulnerável a pequenos traumas ou à secura ambiental, o que facilita o sangramento.

Já as epistaxes posteriores são menos comuns, tendem a ser mais difíceis de controlar, podem provocar saída de sangue pela boca e exigem avaliação médica urgente.

Possíveis sintomas associados à epistaxis

A hemorragia nasal, para além do sangramento visível, pode provocar outras manifestações que variam consoante a intensidade, a duração e a causa do episódio. Estes sintomas podem ocorrer durante ou após a perda de sangue.

Entre os mais comuns destacam-se:

  • Mal-estar geral: sensação de fraqueza ou desconforto.
  • Transpiração excessiva: muitas vezes acompanhada de pele fria.
  • Sensação de calor: especialmente na face ou cabeça.
  • Tonturas ou atordoamento: que podem resultar da perda de sangue ou de ansiedade.
  • Náuseas e vómitos: provocados pela deglutição de sangue durante o episódio.
  • Alterações visuais ou auditivas: em casos mais intensos, devido à queda temporária da pressão arterial.
  • Palidez: mais frequente quando o sangramento é abundante ou prolongado.

Sintomas como tonturas intensas, desmaios, dor no peito, palpitações ou falta de ar exigem avaliação médica imediata, pois podem indicar perda de sangue significativa ou outro problema subjacente.

espistaxis
Imagem meramente ilustrativa

Fatores de Risco

Algumas condições e hábitos não causam a hemorragia de forma imediata, mas tornam a mucosa nasal mais frágil ou aumentam a probabilidade de sangramentos prolongados e repetidos.

Entre os principais fatores de risco estão:

  • Ambientes cronicamente secos ou poluídos, que ressecam a mucosa e favorecem fissuras.
  • Doenças nasais de repetição, rinites crónicas, sinusites, desvios do septo.
  • Uso prolongado de determinados medicamentos, anticoagulantes, antiagregantes, corticoides nasais ou vasoconstritores tópicos.
  • Doenças sistémicas, distúrbios de coagulação, hipertensão arterial mal controlada, insuficiência hepática ou renal.
  • Histórico de tumores nasais ou paranasais, benignos ou malignos.
  • Cicatrizes ou fragilidade crónica da mucosa, após múltiplos episódios de epistaxis ou cirurgias antigas.

Como é feito o diagnóstico?

Na maioria dos casos, é clínico e simples, especialmente em epistaxes anteriores. Hemorragias posteriores podem causar sangue na boca e exigem avaliação hospitalar.

Exames e avaliações complementares podem incluir:

  • Observação com rinoscopia para localizar o foco.
  • Revisão da medicação e historial de sangramentos.
  • Exames laboratoriais para investigar alterações de coagulação ou anemia.

O que deve fazer e possíveis tratamentos?

Existem manobras simples e eficazes que pode realizar em casa:

Primeiros socorros:

  • Sente-se e incline ligeiramente a cabeça para a frente (não para trás).
  • Assoe suavemente para expulsar coágulos.
  • Com os dedos, comprima a parte mole do nariz por 10-15 minutos, sem interrupções, respirando pela boca.
  • Se não parar, repita mais 10-15 minutos.
  • Aplique compressa fria ou gelo sobre os ossos do nariz.

Se não controlar a hemorragia, procure o hospital mantendo a compressão e a posição correta.

No hospital, podem ser necessários:

  • Cauterização química ou elétrica com anestesia local.
  • Tamponamento nasal com materiais hemostáticos (reabsorvíveis ou não).
  • Embolização ou laqueação cirúrgica em casos persistentes.
  • Tratamento da causa subjacente (ajuste de medicação, controlo de hipertensão, tratamento de rinites).

A que médico recorrer se os episódios forem recorrentes?

O especialista indicado é o otorrinolaringologista.

Quando deverá procurar um médico?

Embora a maioria das hemorragias nasais seja ligeira e se resolva com medidas simples em casa, existem situações que exigem avaliação médica rápida, de preferência por um otorrinolaringologista.
Procure assistência médica se ocorrer alguma das seguintes situações:

  • Sangramento prolongado – não parar após 20 a 30 minutos de compressão correta e contínua.
  • Hemorragia muito abundante – com saída simultânea de sangue pelo nariz e pela boca.
  • Sintomas associados preocupantes – como tonturas intensas, sensação de desmaio, dor no peito, palpitações ou dificuldade em respirar.
  • Recorrência frequente – episódios que acontecem de forma regular, como semanal ou mensalmente.

Evolução e complicações da epistaxis se não for tratada

A epistaxis, quando não controlada ou não investigada, pode ter consequências importantes.

Hemorragias intensas e de difícil controlo podem levar a uma perda significativa de sangue, provocando fraqueza extrema, queda da pressão arterial e, em casos graves, risco de vida – situações que exigem observação médica urgente.

Mesmo episódios ligeiros mas recorrentes não devem ser ignorados, pois podem ser sinal de doenças subjacentes, como distúrbios da coagulação, hipertensão arterial ou patologias nasais mais complexas, que requerem avaliação em consulta de Otorrinolaringologia.

Como prevenir?

Alguns cuidados simples ajudam a evitar episódios de epistaxis:

  • Evitar ambientes secos, usar humidificador se necessário.
  • Manter a mucosa nasal hidratada com soro fisiológico, gel ou spray nasal apropriado.
  • Aplicar uma fina camada de vaselina na entrada das narinas se houver crostas (evitar arrancá-las).
  • Não manipular o nariz e manter as unhas das crianças curtas.

Perguntas Frequentes

Na maioria dos casos, a hemorragia nasal pode ser controlada em casa com medidas simples. Siga estes 7 passos:

  1. Sente-se numa cadeira com o corpo e a cabeça alinhados, ligeiramente inclinados para a frente, para permitir que o sangue saia pelo nariz.
    (Nunca incline a cabeça para trás, pois isso favorece que o sangue seja engolido, podendo provocar náuseas e vómitos).
  2. Assoe suavemente para remover os coágulos que possam estar a impedir a compressão eficaz.
  3. Com os dedos, aperte a parte mole do nariz (logo abaixo do osso), fechando as fossas nasais, durante 10 minutos seguidos, respirando calmamente pela boca.
  4. Após os 10 minutos, liberte a pressão e verifique se o sangramento parou.
  5. Se o sangramento continuar, repita o mesmo procedimento por mais 10 minutos.
  6. Durante o processo, pode colocar uma pedra de gelo na boca e chupar, ajudando à constrição dos vasos sanguíneos.
  7. Após o abrandamento da hemorragia, aplique gelo ou compressas frias sobre os ossos do nariz para ajudar a controlar pequenas perdas de sangue residuais.

Na maioria das vezes, a hemorragia nasal em crianças tem origem na parte anterior do nariz e está associada à manipulação da mucosa. Ensine a criança a não mexer no nariz nem retirar crostas, e a manter a mucosa hidratada com vaselina ou gel/spray nasal apropriado. Procure avaliação médica se o sangramento for frequente ou abundante.

Sim. As alterações hormonais e o aumento da vascularização da mucosa nasal durante a gravidez aumentam o risco de hemorragia nasal. Os estrogénios causam congestão e edema, a progesterona aumenta o volume sanguíneo e a hormona de crescimento placentária provoca vasodilatação. Estes fatores tornam os vasos mais frágeis. Episódios frequentes ou intensos devem ser avaliados por um médico.

Sim, embora a maioria dos casos seja ligeira, a hemorragia nasal pode, em alguns casos, estar associada a distúrbios de coagulação, hipertensão arterial não controlada, tumores nasais ou outras doenças. Se o sangramento for frequente, intenso ou acompanhado de outros sintomas (como tonturas, palpitações ou dor no peito), é fundamental procurar avaliação médica.

Um episódio típico de hemorragia nasal ligeira dura entre alguns segundos e até 10–15 minutos. Se ultrapassar 20-30 minutos apesar da compressão correta, deve procurar ajuda médica de imediato.

Sim. Sangrar do nariz frequentemente pode indicar fragilidade crónica da mucosa, exposição constante a irritantes ou uma condição médica subjacente. Mesmo que os episódios sejam ligeiros, a recorrência merece avaliação para identificar e tratar a causa.

Sim. Algumas medidas úteis incluem manter o ar do ambiente húmido, hidratar a mucosa com soro fisiológico ou gel nasal, evitar manipular o nariz, aplicar vaselina fina na entrada das narinas se houver crostas e proteger-se do frio e do ar seco.

Se sofre de episódios frequentes, intensos ou difíceis de controlar de hemorragia nasal, não adie a avaliação. Um diagnóstico atempado permite identificar a causa e iniciar o tratamento adequado, prevenindo complicações e melhorando a sua qualidade de vida. Marque já a sua consulta de Otorrinolaringologia e receba um acompanhamento especializado, seguro e personalizado.

Tabela Resumo

Tópico

Resumo

O que é

Hemorragia nasal (epistaxis)

Causas

Traumas, ar seco, doenças nasais, irritantes, medicamentos, alterações de coagulação

Sintomas

Mal-estar, tonturas, náuseas ou vómitos após ingestão de sangue

Fatores de risco

Condições ou hábitos que fragilizam a mucosa e aumentam a recorrência

Diagnóstico

Observação direta; anterior mais frequente que posterior

O que fazer

Compressão 10-15 min; repetir; cabeça para a frente; gelo externo

No hospital

Cauterização, tamponamento; casos renitentes: embolização ou cirurgia

Procurar médico

Se >20-30 min, muito abundante, com sintomas ou episódios frequentes

Complicações

Perda de sangue significativa; investigar causas subjacentes

Prevenção

Humidificar, hidratar mucosa, vaselina fina, evitar manipulação

Este conteúdo é meramente informativo e não substitui uma avaliação médica personalizada. Em caso de sintomas persistentes ou dúvidas, agende uma consulta.

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