A polissonografia nível 3, também conhecida como estudo cardiorrespiratório do sono ou poligrafia respiratória de nível 3, é um exame realizado no domicílio que avalia a respiração e o oxigénio no sangue durante o sono. É sobretudo indicada em adultos com suspeita de síndrome de apneia obstrutiva do sono.
É uma alternativa prática à polissonografia de laboratório (nível 1), uma vez que se realiza em casa, com recurso a um dispositivo portátil com sensores no nariz, no tórax, no abdómen e no dedo.
Tabela Resumo
Tópico | Resumo |
O que é | Exame domiciliário (nível 3) que regista respiração e oxigénio durante o sono. |
Para que serve | Diagnosticar a síndrome de apneia obstrutiva do sono em adultos com suspeita clínica elevada. |
Como é realizado | Com sensores colocados em casa (cânula nasal, bandas torácicas/abdominais e oxímetro) durante uma noite de sono. |
Diferença face ao nível 1 | Não avalia a atividade cerebral nem as fases do sono; centra-se em parâmetros cardiorrespiratórios. |
Vantagens | Realizado em casa, mais confortável, acessível e fiável para apneia moderada a grave. |
Limitações | Pode não detetar apneia ligeira; um exame negativo não exclui totalmente a doença. |
Quais os diferentes níveis de polissonografia e o que avaliam?
A polissonografia pode ser classificada em diferentes níveis, de acordo com o número de parâmetros avaliados e o local onde o exame é realizado:
- Nível 1: exame completo em laboratório, com registo da atividade cerebral através de eletroencefalograma (EEG), movimentos oculares, tónus muscular, respiração, oxigénio, eletrocardiograma (ECG) e vídeo.
- Nível 2: semelhante ao nível 1, mas realizado em casa, inclui o EEG.
- Nível 3: estudo cardiorrespiratório domiciliário, com 4 a 7 canais (fluxo nasal, esforço respiratório, oxigénio, frequência cardíaca, posição e, por vezes, ronco). Não regista EEG nem avalia as fases do sono.
- Nível 4: monitorização muito simples, geralmente apenas da saturação de oxigénio. É pouco utilizada como exame único.
O que é a polissonografia nível 3?
A polissonografia nível 3 é um exame simplificado de sono, realizado no domicílio, que regista variáveis cardiorrespiratórias. Não fornece informação sobre as fases do sono nem a atividade cerebral, mas dá dados suficientes para confirmar a presença de síndrome de apneia obstrutiva do sono em doentes com alta probabilidade clínica.
Na nossa experiência, este exame é bem tolerado pelos doentes e, quando realizado em condições adequadas, permite chegar ao diagnóstico em grande parte dos casos de apneia moderada a grave.
O que é avaliado na polissonografia nível 3?
Na polissonografia nível 3 monitorizam-se parâmetros cardiorrespiratórios que permitem caracterizar os eventos respiratórios noturnos:
- Fluxo nasal: medido através de uma cânula, regista o ar que entra e sai para identificar apneias e hipopneias.
- Esforço torácico e abdominal: detetado por bandas elásticas, mostra se existe esforço respiratório, distinguindo apneias obstrutivas de centrais.
- Saturação de oxigénio e frequência cardíaca: avaliadas por oxímetro colocado no dedo, evidenciam o impacto das pausas respiratórias.
- Posição corporal: indica a postura durante o sono e ajuda a perceber se os eventos ocorrem sobretudo deitado de costas.
- Ronco: registado em alguns aparelhos, relaciona o ressonar com os episódios de apneia.
Com base nestes registos calculam-se o Índice de Apneia-Hipopneia (IAH) e o Índice de Dessaturação de Oxigénio (ODI). Como não há registo de eletroencefalograma (EEG), o IAH é calculado em função do tempo total de registo e não do tempo efetivo de sono, o que pode levar a subdiagnóstico em casos ligeiros.
Quando é recomendada a polissonografia nível 3?
Recomendamos a polissonografia nível 3 em adultos com sinais típicos de síndrome de apneia obstrutiva do sono, tais como:
- Ressonar frequente e intenso;
- Pausas respiratórias observadas durante o sono;
- Sonolência excessiva durante o dia;
- Cefaleias matinais;
- Hipertensão arterial difícil de controlar;
- Excesso de peso com sintomas respiratórios noturnos.
Nestes contextos, o exame é uma forma prática e eficaz de confirmar o diagnóstico.
Quais são as limitações da polissonografia nível 3?
Apesar da sua utilidade, a polissonografia nível 3 não é adequada em todas as situações. Preferimos a polissonografia completa de laboratório (nível 1) nos seguintes casos:
- Apneia central do sono ou de hipoventilação;
- Doenças cardíacas ou pulmonares significativas;
- Insónia grave, parassonias ou movimentos periódicos dos membros;
- Gravidez;
- Uso crónico de opiáceos;
- Avaliação em profissões de risco, como motoristas profissionais.
Nestes casos, a observação completa em laboratório permite uma análise mais abrangente e fiável, reduzindo o risco de diagnósticos incorretos.
Como se preparar para a polissonografia nível 3?
Na nossa prática clínica, explicamos sempre aos doentes que a preparação para a polissonografia nível 3 é simples, mas essencial para garantir a qualidade do exame. As nossas recomendações principais são:
- Manter a rotina habitual de sono;
- Evitar bebidas alcoólicas e com cafeína no final do dia;
- Verificar que todos os sensores estão corretamente colocados antes de adormecer;
- Anotar a hora de deitar e a hora de levantar, para facilitar a análise do registo.
Antes da realização, o técnico ensina a utilizar o equipamento e orienta quanto à colocação dos sensores, tornando a instalação em casa rápida e segura.
Como é realizado o exame?
Na noite do exame, o paciente aplica os sensores: cânula nasal, bandas torácicas e abdominais, oxímetro no dedo e, se aplicável, microfone de ronco e sensor de posição.
Durante o sono, o dispositivo regista os parâmetros cardiorrespiratórios. Na manhã seguinte, o aparelho é desligado e devolvido à clínica. Os dados são depois analisados por técnicos e médicos especializados, que elaboram o relatório.
Como interpretar os resultados da polissonografia nível 3?
O relatório médico inclui:
- Índice de Apneia-Hipopneia (IAH): número de eventos respiratórios por hora, usado para classificar a gravidade da apneia (ligeira, moderada ou grave).
- Índice de Dessaturação de Oxigénio (ODI).
- Tempo com saturação de oxigénio abaixo de 90%.
- Frequência cardíaca noturna.
- Posição corporal e intensidade do ronco.
Estes resultados são sempre analisados em conjunto com os sintomas e a história clínica. Um exame negativo não exclui totalmente a síndrome de apneia obstrutiva do sono se a suspeita for elevada.
O que acontece depois do exame?
Após a análise dos dados, discutimos o relatório com o doente. Se for confirmado o diagnóstico de síndrome de apneia obstrutiva do sono, as opções de tratamento podem incluir:
- Pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP);
- Dispositivos orais;
- Cirurgia otorrinolaringológica em casos selecionados;
- Mudanças no estilo de vida, como perda de peso e melhoria da higiene do sono.
O tratamento deve ser sempre individualizado e ajustado à gravidade da doença e às necessidades do doente.
Perguntas Frequentes
Existem efeitos secundários?
A polissonografia nível 3 é segura e não invasiva. Os efeitos adversos são raros e mínimos: algum desconforto da cânula nasal, pequenas marcas das bandas ou irritação ligeira da pele. O maior risco é técnico, se os sensores se deslocarem, o exame pode ter de ser repetido.
A polissonografia nível 3 dói?
Não. É um exame indolor e não invasivo, embora possa causar ligeiro desconforto.
Tenho de dormir na clínica para fazer a polissonografia nível 3?
Não. A polissonografia nível 3 é realizada em casa, no ambiente habitual de sono, através de um dispositivo portátil.
A polissonografia nível 3 é fiável?
Sim. A polissonografia nível 3 é fiável sobretudo em doentes com suspeita de síndrome de apneia obstrutiva do sono moderada ou grave. Nos casos mais complexos, pode ser necessário realizar a polissonografia de laboratório (na clínica).
Um exame de polissonografia nível 3 negativo exclui a apneia do sono?
Não necessariamente. Um resultado negativo não afasta totalmente a síndrome de apneia obstrutiva do sono. Se a suspeita clínica se mantiver, o médico pode recomendar a realização de polissonografia de laboratório.
A polissonografia nível 3 pode ser feita em crianças?
Na idade pediátrica, a polissonografia de laboratório é geralmente preferida, porque permite uma avaliação mais completa e adequada das perturbações do sono.
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Este conteúdo é meramente informativo e não substitui uma avaliação médica personalizada. Agende uma consulta.
Fontes
- Insights Dr. Eurico de Almeida (Otorrinolaringologista da Clínica ORL);
- Polissonografia (SNS24)
- Síndrome de apneia obstrutiva do sono (SNS24)
- Polysomnography (sleep study) (Mayo Clinic)
- Sleep Medicine – Tests and procedures (Mayo Clinic)
- Obstructive sleep apnoea (OSA) (NHS inform)
- Sleep Apnea Test Options: At Home or in Lab? (Healthline)
- How to test for sleep apnea: At home or in a lab (Harvard Health)
- Diagnostic accuracy of level 3 portable sleep tests versus level 1 polysomnography for sleep-disordered breathing: a systematic review and meta-analysis (PubMed)