Audição: novas diretrizes no rastreio auditivo neonatal

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A Importância do Rastreio Auditivo Neonatal

A audição é fundamental para o desenvolvimento de qualquer criança. Os primeiros 2 anos de vida são cruciais e os mais críticos para a aprendizagem da linguagem, enquanto ocorre o processo de maturação do sistema nervoso central.

 

Evolução das diretrizes do JCIH

O “Joint Committee on Infant Hearing” (JCIH), composto por representantes de organizações americanas, nas áreas de Audiologia, Otorrinolaringologia, Pediatria e Enfermagem, desde a sua criação em 1969, emite diretrizes para garantir a identificação e intervenção precoce relacionadas com a audição.

As diretrizes do JCIH de 2007 sugeriam a regra de “1-3-6”, que significa que todas as crianças deveriam ser rastreadas até 1º mês de vida, que o diagnóstico de perda auditiva deveria ser feito até aos 3 meses e no caso de existir surdez, deveria haver uma intervenção até aos 6 meses. Naturalmente, um diagnóstico e uma intervenção mais precoces seriam aceitáveis e preferidos.

 

Quais são as novas diretrizes para o rastreio auditivo?

Novas diretrizes surgem em outubro de 2019 e fazem uma atualização às anteriores (2007), passando a regra de “1-3-6” para “1-2-3”, ou seja, antecipam o diagnóstico completo para 2 meses e a intervenção para os 3 meses de idade.

Esta antecipação na idade é justificada por duas razões essenciais:

  1. Quanto mais cedo for a intervenção, melhores resultados se esperam em termos de aquisição da linguagem; 
  2. Torna-se mais fácil fazer uma avaliação objetiva nos bebés, sem ter de se recorrer a sedação, dado que neste grupo etário consegue-se obter mais facilmente o sono natural, poupando, assim, a criança a uma anestesia.

As novas diretrizes sugerem também alterações à terminologia usada. Assim, o termo “perda auditiva” não deve ser aplicado a crianças que nasceram com surdez, pois se nunca tiveram audição não a podem ter perdido. Pode continuar a ser usado este termo se uma pessoa ouviu e passou a ter um problema de surdez.

 

Alterações de terminologia

Relativamente ao Rastreio Auditivo Neonatal Universal (RANU), os testes utilizados, tanto os potenciais evocados automáticos como as otoemissões acústicas, usam uma terminologia de “pass/refer”.

O termo “refer” tem originado alguma confusão. Em Portugal, por exemplo, é traduzido para “passa/refere”, o que levanta algumas controvérsias. Então o JCIH 2019 sugere que se volte novamente a uma terminologia de “pass/fail” (passa/falha) por se entender que estes termos descrevem melhor o resultado desta triagem binária.

O resultado de “pass” no RANU significa que o bebé “passa” em ambos os ouvidos simultaneamente (na mesma sessão). Especificamente, um bebé que “não passa” em ambos os ouvidos na mesma sessão de seleção, mesmo que cada ouvido tenha “passado” separadamente noutra triagem, não constitui um resultado seguro de “passa”. Não é conveniente dizer aos pais “um ouvido passou e o outro não passou”.

Nestas situações, o audiologista deve fazer exames auditivos mais completos, nomeadamente Potenciais evocados auditivos precoces do tronco cerebral.

 

Fundamentos do documento de JCIH

O documento de JCIH 2019 baseia-se em publicações anteriores (suplemento JCIH 2013 sobre Intervenção Precoce e diretrizes JCIH 2007), atualizando as melhores práticas por meio de revisões de literatura e opinião de consenso de especialistas sobre triagem, identificação e gestão audiológica, médica e educacional de bebés e crianças pequenas e respetivas famílias.

 

Referências: JOINT COMMITTEE ON INFANT HEARING. Year 2007 Position Statement: Principles and Guidelines for Early Hearing Detection and Intervention Programs. Pediatrics, 102, p. 893–921, 2007.; JOINT COMMITTEE ON INFANT HEARING. Year 2019 Position Statement: Principles and Guidelines for Early Hearing Detection and Intervention Programs. The Journal of Early Hearing Detection and Intervention, v.4, n.2, p. 13–44, 2019.

John Doe

John Doe

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