Disfunção do sistema vestibular: o que é e como reabilitar

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A função do sistema vestibular é crucial para a nossa capacidade de manter o equilíbrio e a orientação espacial. Este sistema complexo, localizado no ouvido interno, trabalha em conjunto com outros sentidos, como a visão e o sistema somatossensorial, para garantir que permaneçamos estáveis e bem orientados no nosso ambiente. Quando ocorre uma disfunção do sistema vestibular, os sintomas podem variar desde vertigens e náuseas até problemas de equilíbrio e instabilidade postural.

Neste artigo, a Dra. Fernanda Gentil, audiologista na Clínica ORL, explora em detalhes o que é a disfunção do sistema vestibular, as suas causas, sintomas e formas de reabilitação.

Abordará as diferentes formas de disfunção vestibular, desde as patologias vestibulares periféricas, como a vertigem posicional paroxística benigna e a doença de Ménière, até às centrais, resultantes, por exemplo, de acidentes vasculares cerebrais e tumores cerebrais.

 

O que é o sistema vestibular?

O sistema vestibular do ouvido interno contém três canais semicirculares (posterior, anterior e lateral) e dois órgãos otolíticos (sáculo e utrículo). Este sistema, em conjunto com o visual e o somatossensorial, contribuem para o nosso equilíbrio.

As células sensoriais enviam mensagens ao sistema nervoso central sobre as mudanças de posição corporal e, por sua vez, o sistema nervoso envia uma resposta para que os músculos se ajustem à postura do corpo, mantendo-se, assim, o equilíbrio.

 

O que é a disfunção vestibular?

A disfunção vestibular é uma perturbação do sistema vestibular (e, consequentemente, do equilíbrio), que pode ter causas periféricas ou centrais. A história do paciente e a duração dos episódios de vertigem permitem identificar as causas da disfunção.

 

Quais os principais sintomas da disfunção vestibular?

Os sintomas mais comuns dos distúrbios vestibulares normalmente incluem:

  • Vertigem;
  • Náusea;
  • Vómito;
  • Intolerância ao movimento da cabeça;
  • Nistagmo (movimento involuntário dos olhos);
  • Instabilidade postural.

 

Disfunções vestibulares periféricas: causas, sintomas e tratamento

As patologias vestibulares periféricas mais comuns incluem:

 

1) Vertigem posicional paroxística benigna

Os sintomas mais comuns da Vertigem Posicional Paroxística Benigna são curtos episódios de vertigem, que duram menos de um minuto (normalmente desencadeados por mudanças da posição da cabeça), náusea e/ou vómito.

Geralmente ocorre quando partículas flutuantes de cálcio (otocónias) são deslocadas para outra parte do ouvido interno (mais comumente para o canal semicircular posterior) quando a cabeça muda de posição.

A reabilitação é feita normalmente com manobras de reposicionamento dos cristais para corrigir a lesão.

 

2) Doença de Ménière

A Doença de Ménière provoca episódios de vertigem recorrentes que duram de minutos a várias horas, sem sintomas neurológicos associados. Os pacientes apresentam perda auditiva unilateral, plenitude aural e zumbido. O tratamento recorre a diuréticos e a uma dieta pobre em sal.

 

3) Labirintite purulenta

A labirintite é uma inflamação do ouvido interno e pode ter causas diversas, como infeções por vírus ou bactérias.

Os principais sintomas são uma vertigem forte e incapacitante, náusea, dor de cabeça e falta de ar, entre outras.

A labirintite está associada a alguns fatores de risco, como idade avançada, diabetes, uso de alguns medicamentos, fumo e consumo de álcool.

O diagnóstico é feito por exame otoneurológico. O tratamento consiste em medicamentos que aliviam os sintomas. O repouso e a hidratação são essenciais durante o tratamento.

 

4) Neuronite vestibular

A neuronite (inflamação do nervo) afeta o ramo vestibular do nervo auditivo. Resulta em vertigem súbita, com duração de dias, mas sem alteração da audição.

O tratamento é feito com medicação adequada e deve ser mantida por 1 ou 2 meses, mesmo depois de terminarem os sintomas. Podem ainda ser úteis exercícios de reabilitação vestibular.

 

5) Enxaqueca vestibular

A enxaqueca vestibular é caracterizada por episódios de vertigem, que duram de vários minutos a horas. Nesta situação, os pacientes apresentam história de enxaqueca, aversão à luminosidade e ao som, sem perda auditiva. O tratamento é farmacológico.

 

6) Fístula perilinfática

A fístula perilinfática refere-se a uma pequena abertura entre as membranas que separam o ouvido médio da perilinfa do ouvido interno. Esta situação provoca mudanças na pressão do ouvido médio, que afetam diretamente o ouvido interno, causando perturbações do equilíbrio. Estes sintomas são agravados com tosse, espirros, esforços ou exposição a ruídos altos.

O tratamento consiste em repouso, mantendo a cabeça sempre elevada, mesmo a dormir, evitando pegar em pesos. A maioria dos casos cura espontaneamente, podendo haver necessidade de cirurgia.

 

7) Deiscência do canal semicircular superior

Resulta da existência de osso muito fino do canal semicircular superior, que facilmente pode ser deslocado por estímulos sonoros, criando perturbações vestibulares e/ou auditivas. Para um diagnóstico definitivo, é necessário recorrer a tomografia computorizada de alta resolução.



Disfunções vestibulares Centrais

As patologias vestibulares centrais mais comuns são causadas por AVC (acidente vascular cerebral), doenças desmielinizantes ou tumores que afetem o cerebelo e o tronco cerebral. Estão normalmente associadas a sintomas neurológicos, como ataxia, disartria, diplopia, perda de consciência, entre outros.

O tratamento pode incluir terapia trombolítica intravenosa ou outra adequada a cada situação. Fatores de risco vascular, como hipertensão arterial, diabetes mellitus e tabagismo, aumentam a probabilidade destas patologias. Pode também ser útil a reabilitação vestibular ou terapia de treino de equilíbrio.

 

Referências:

Dougherty, JM, Carney, M, Emmady, PD. Vestibular Dysfunction, 2020

 

 

John Doe

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